sábado, 20 de outubro de 2012

Formação é arma de arremesso?

Hoje, em Lisboa, iniciam-se os campeonatos regionais de futebol infantil. São 81 equipas em competição, só de Infantis A (sub-13) ao longo de muitos meses e várias fases.

Hoje, na Madeira, a notícia é que só haverá torneios - porque campeonatos nunca houve - quando houver contratos-programa assinados, ficando toda a gente "pendurada" à espera de fundos públicos...

Na semana passada, foi notícia que o Governo da República investirá 34 milhões no desporto, no âmbito do orçamento 2013, concretizando-se um corte de 50% em relação ao ano anterior. 

Ora, 34 milhões para o País, corresponderá, na Madeira (1 quarenta avos), a um investimento de ... pouco mais do que oitocentos mil euros. Entretanto, o Governo Regional tem preparado um regulamento que se traduzirá num apoio superior a 10 milhões de euros. Muito pouco, dizem quase todos...

Daí que está tudo parado.

Fomos procurar saber o que recebe a Associação de Futebol de Lisboa de apoios públicos. O que encontramos foi muito claro: a Associação não é uma entidade acima dos clubes, mas sim uma entidade que é um instrumento dos clubes E não fica à espera de apoios públicos para avançar com o que tem a fazer, servindo os clubes e os seus praticantes. Os apoios públicos são irrelevantes para esta função.

Ouvimos um alto responsável do CSM referir que, no ano passado, o apoio público ascendeu a pouco mais do que 4 euros/mês por atleta. Ora, por tão pouco, então porque está tudo parado, à espera desse (mísero) valor?

Uma pergunta simples, de um milhão de dólares: quanto custa realizar os campeonatos regionais de Benjamins e Infantis? O quê? Nada? Mas então...

O que há a fazer?

Simples:

Uma liga regional de clubes de futebol de formação (LRCFF), a criar espontaneamente e sem quaisquer rigores institucionais, apenas para cumprir o papel que a Associação não assegura (e apenas até que esta retome essa função).

1º Até aos infantis não se justifica a federação dos atletas. Isso só custa dinheiro e não há apuramentos para provas nacionais, nem sequer um campeonato regional. Nada.
2º Daí que bastará um registo simples. Sem custos.
3º Indiquem-se 12 campos bem distribuídos pela Madeira.
4º Reservem-se esses campos, todos os Sábados e Domingos, das 9.30 às 10.30. Nada mais.

Criam-se 4 campeonatos regionais (pela liga de clubes regionais de futebol de formação):

Infantis A, Infantis B, Benjamins A e Benjamins B. 

As regras de idade apenas estabelecerão anos de nascimento limites, podendo participar equipas e/ou atletas mais novos nos escalões superiores. E, dentro dos limites de inscrições de equipas (podem ser rateadas) poderão entrar várias equipas de cada clube e uma equipa em mais que um escalão.

Jogos: infantis 30+30 minutos; Benjamins 25+25 minutos

Infantis B e Benjamins B nos Sábados
Infantis A e Benjamins A nos Domingos

24 equipas (máximo) em cada escalão, divididas em 3 grupos de 8.

São 14 jornadas (2 voltas de 7 jogos). Cerca de 4 meses. Outubro-Fevereiro.

Na 2ª fase disputam grupo de elite os 4 melhores de cada grupo e o grupo regular os restantes. Desta feita, 2 grupos de 6. 

Esta divisão das equipas em duas zonas irá equilibrar os jogos da fase seguinte. Mantendo todos em jogo, mas equilibrando as equipas em competição directa. Mantém-se a abrangência e o equilíbrio.

São 10 jornadas (2 voltas de 5 jogos). Cerca de 3 meses. Fevereiro-Maio.

Apuram para as fases finais, no grupo elite:

Grupo título:  2 melhores de cada grupo
Grupo prata: 3º e 4º
Grupo bronze: 5º e 6º

O mesmo no grupo regular.

Esta fase disputa-se por eliminatórias:

Fase 1, meias-finais, à melhor de 3 jogos, a disputar primeiro no campo da equipa melhor classificada.

Fase 2, finais e 3º e 4º lugar, à melhor de 5 jogos, idem.

Esta fase final em play-off permitirá que se acentuem os jogos competitivos. Evitando que numa época apenas se façam 2 ou 3 jogos desse tipo. E preparando as equipas para os torneios de verão (a realizar no continente e a criar na Madeira) que devem ser o culminar da época para as equipas de topo nestes escalões.

São 8 jornadas. Cerca de 2 meses. Junho e Julho.

No total, cada equipa fará 32 jogos em 32 fins de semana.
12 campos, ocupados por 1 hora, no Sábado e Domingo.

96 equipas que poderão reunir quase 2.000 praticantes.

Cada equipa faz de sua "casa" um dos 12 campos (haverá para cada campo uma equipa da casa e outro que a toma como casa emprestada).

Árbitros? Cada equipa junta um (até pode ser um jogador juvenil) tratando de o remunerar e fazer deslocar se necessário. Apenas nas fase final se justificará introduzir maior qualidade na arbitragem.

Cada Clube inscreve 1 ou 2 equipas por escalão etário (até 8 nas idades acima indicadas). E utiliza os jogadores que bem entender em cada jornada em cada equipa/jogo respeitando apenas as idades máximas definidas. Em cada fase (antes), cada equipa indica a sua lista de jogadores em cada escalão.  Uma equipa ou um jogador pode jogar (estar em duas listas) em duas equipas do mesmo clube (no Sábado e no Domingo) sem limitações. Não pode haver jogadores em listas de clubes diferentes na fase 1 e poderão ser sempre acrescentados jogadores a meio de cada fase desde que não estejam na lista de outro clube. E poderão mudar de clube entre a fase 1 e 2, mas já não para a 3.

Não havendo necessidades de federar os atletas, as equipas a inscrever poderão resultar de junções de clubes. Isto permitirá que escolas e/ou zonas da região, com menos população e jogadores se possam juntar e criar equipas participantes.

Voltamos aos anos 80? Qual o mal disso? Nenhum. Até porque, ao contrário desses anos, hoje temos campos e infraestruturas. Foi com este objectivo que se investiu e forte nos últimos 30 anos. Com as infraestruturas disponíveis bastará ... trabalhar.

Um calendário? Simples.
Um sorteio? Também, com algumas condicionantes (manter duas equipas do mesmo clube em grupos diferentes e separar as melhores equipas dos torneios dos anos anteriores).

O resto? receber notas de interesse na participação, os campos, as listas de jogadores e os árbitros indicados por cada equipa, avançar com os jogos, reunir a informação (resultados e classificações). 

E ponto final. Não temos dúvida que aparecerá um patrocinador (simples, sem grandes necessidades de investimento) para cada escalão, o que permitirá contratar árbitros (dos federados...) para a fase final, fazer uma festa final no jogo decisivo e incluir prémios para os melhores classificados.

Gonçalo Nuno Araújo, pai de um jogador

3 comentários:

Unknown disse...

Boa noite,sou Maritimista assumido mas tenho um filho que joga num clube da concorrência,e fico preocupado com este impasse do futebol jovem da minha terra .Triste por ouvir o responsável pelo futebol de formação dizer que miúdos não precisam de competir muito nestas idades,agora pergunto será que os clubes do Continente estão errados ao »meterem 30 jogos nas pernas desses meninos» vê-se quando se vai aos torneios fora o ritmo de jogo imposto por qualquer equipa do continente.

Gonçalo disse...

É claro que precisam de competir e, mais do que isso, competir ao seu nível. No continente, as equipas mais fortes colocam as suas equipas a jogar com as restantes com mais um ano de idade. No nível seguinte. Estarão - realmente - todos errados e só nós, por cá, certos?

JRS disse...

Fico sem palavras... de ver que os meninos no continente já competem e nos cá ainda nada feito